Uma década na costura histórica: a jornada de Juliana Lopes
- Juliana Lopes
- 4 de out. de 2024
- 2 min de leitura

Eu não sei dizer ao certo quando me interessei por roupas históricas, mas provavelmente foi nas novelas que eu via quando criança, como Chocolate com Pimenta, Sinhá Moça e A escrava Isaura que tudo começou. Me encantavam aqueles vestidos cheios de detalhes, diferente do que eu estava acostumada. Já na adolescência eu descobri um estilo alternativo japonês chamado EGL, que é inspirado nas modas de outras épocas. Aí pronto, foi paixão à primeira vista e iniciei no estilo em 2010. Esse ano também marcou meu início na costura, pois aprendi a costurar para poder fazer as roupas que eu queria usar e não encontrava em lojas comuns.

Foi em fóruns do estilo que eu descobri que existiam picnics revivalistas, inspirados nos que aconteciam na europa e que eram organizados por pessoas da comunidade gótica, que se inspiraram na Era Vitoriana. E então percebi que ao invés de usar apenas roupas inspiradas em outras épocas, eu poderia ir na fonte original!

Meu primeiro traje histórico foi uma réplica do traje usado pela Rainha Vitória na Grande Exposição de 1851. Eu fiz esse traje em 2013 e levei alguns meses pra fazer o conjunto completo, foi uma experiência incrível! Me orgulho muito desse traje ainda que vendo hoje, mais de uma década depois, eu vejo vários detalhes que faria diferente. Pra quem se interessar, relatei o processo em meu blog: https://www.julianalopes.art.br/2014/06/traje-vitoriano-1851.html

E desde então foram inúmeros trajes, a maioria do século XVIII e XIX, onde fui aprimorando minhas técnicas e pesquisa. Conforme eu publicava as peças que eu fazia pra mim, conhecidos se interessaram também pelo que eu fazia e foi assim que peguei minhas primeiras encomendas. Comecei a pegar cada vez mais e com o tempo essa se tornou minha fonte de renda principal, e passei a trabalhar somente com as encomendas de trajes históricos, suas releituras e inspirações. Fiz peças para curtas, ensaios, peças de teatro, festas, casamentos…e até mesmo para usar no dia a dia! Eu achava muito divertido acompanhar as inúmeras possibilidades da costura histórica e figurino.

Em 2020 eu senti a necessidade de aprofundar meus estudos, para entender não só como trajes históricos são feitos, mas também o contexto daquelas roupas. Foi nesse ano que iniciei meus estudos sobre museologia e história social da moda, e fiz cursos livres de instituições como o IBRAM, MoMa e University of Glasgow além de uma extensão como figurinista pela UFPEL. Meu foco seguiu sendo os séculos XVIII e XIX, agora trazendo aspectos como cultura material e contexto histórico das roupas que reproduzia.

Minhas pesquisas já foram publicadas em colóquios, ministradas em cursos livres e apresentada em eventos e museus, o que me deixa muito honrada. Uma boa parte você também confere no meu blog, nessa página aqui: https://www.julianalopes.art.br/p/historia-da-moda.html

Bom, é meio difícil resumir 11 anos em apenas um post, mas espero que eu tenha conseguido me apresentar adequadamente. Na minha coluna vocês podem esperar muitos textos sobre história da moda e recriação histórica, sempre com uma pesquisa adequada e a responsabilidade de trazer informações baseadas em fontes sérias.
Vamos juntos nessa jornada incrível que é a costura histórica!
Amei conhecer um pouco mais da sua história e foi incrível ver sua evolução, de admiradora à uma estudiosa de moda. Parabéns, Juliana.
Q trajetória linda! Parabéns pelo incrível trabalho!Seu blog foi ( e ainda é ) um dos locais q busco referências pq é um local riquíssima de conhecimento e expertise em costura histórica.
Ju é um dos icones do meio de costura histórica do Brasil, maravilhosa.