COLETE DIRECTÓRIO - A virada do século XVIII e inspirações.

“ Todo homem, indiferente de classe, tinha um colete. Nem sempre tinha uma casaca, mas sempre um colete” Baumgarten, 1986  - Em tradução livre.                  A construção do colete é fascinante e nos coloca próximo daqueles dedicados artesãos do passado que se dedicavam a um oficio por todo a vida – Seja pelo domínio passado de pai para filho ou ainda em aprendizado nas oficinas criadas para promover os novas necessidades do final do século XVIII . Em meio as grandes revoluções do exaurido século, lá naqueles “finalmentes” de 1785 a 1795 muito da idealização da nova sociedade estava nos COLETES usados durante esse período.             

    Para muitos amigos não é novidade meu fascínio por esse período que é recheado de resoluções, revoltas e contrapontos na Europa e em toda a América. Uma das fases que o industrialismo, mercado interno e externo mais se expandiu em importações e exportações.  Mas nesse momento não vamos falar exatamente disso – Mas como nesse ponto da história saída dos coletes exuberantes de meados do século XVIII se converteu a um legado que ainda hoje se aproxima dos coletes que temos hoje em dia.                    Enquanto podemos observar algumas fases da construção podemos conferir algumas evoluções pontuais do colete que estou trabalhando no momento e as peças retratadas posteriormente e no mesmo período. Juntos podemos construir uma relação do estilo durante essa fase de listras, muitas cores, formatos e tamanhos e excessos do período directorio francês que influenciou muitos outros movimentos em demais lugares.

Nesse período os coletes foram perdendo comprimento chegando muitas vezes até acima do umbigo – dando ao traje mais evidencias as longas pernas e cauda das casacas em  moda – Mas ainda assim poderíamos ver coletes amplos e ao gosto de cada pessoa. “ AMPLO ”! Talvez seja a palavra que melhor defina o final do século XVIII – As novas formas em teste primeiro vieram amplas e expansivas para construir forma na nova sociedade. O Homem dos novos tempos vinha com novo olhar, novos ideiais e carregava isso na nova moda que abria caminhos e inaugurava pontes firmadas em seu estilo.                

Colete de 1735/1750 e colete de abastado fe 1790/1800

A silhueta francesa desse período vem contrapor o período póstumos dos reis depostos com desenhadas lapelas nos coletes, estruturas de colarinhos,  listras formosas em cores hipnotizantes e contrastes extravagantes.  Teremos momento para falar do estilo “a la turca”, mas grande parte dessa repercussão das listras nesse momento vem das novas ligações e mercado turco de 1780 pela Austria (Chegaremos lá em outro momento).  A entretela que enrijecia a fronte dos coletes do século XVIII nesse momento ganha novo formato já que precisava formar colunas duplas de botões e lapelas fluidas. Eu decidi fazer o meu colete com uma entretela de lona/canva de algodão rígida com gramatura de 180/220 gramas envolvendo toda a frente. Durante esse momento teremos muitas formas de enrijecer a estrutura de coletes com gomas distintas usadas sobre tramas de tecidos de linho ou algodão em disposições diferentes para cada época, tecido ou região.                

A técnica dessa época ainda bebia da essência da construção de trajes do século passado e que teriam maiores evoluções a partir do século XIX – Base simples e intuitiva que mantém forma, qualidade e estrutura de peças indiferente da classe e mudando apenas em caso de propósito diferente ou condição.                

Escolhi um LINHO ALEMÃO com listras que falavam a todo momento em um colete de 1790, entretela completa (quando estrutura toda a frente) e forro em algodão. A primeira fase depois do corte é unir o excesso de um centímetro a estrutura com ponto chicote (Whipstitches) e nesse momento que hoje é tão prazeroso que me vejo perto de tantos homens e mulheres que carregaram a arte da costura até os meus dedos. Você usar uma peça que costurou é estar junto deles e ter consigo seus ancestrais em técnica e aprendizado para sempre. Desde a barra reforçada, frente rápida até o fechamento das pontas marcadas você estará junto daqueles que fizeram por toda suas vidas as técnicas que hoje estão com você e sua agulha.                  

Depois posiciono os bolsos que já vem agregados em sua modelagem do COSTURA HISTÉRICA, cortados em entretela unidos ao dobro em altura para costurar a peça em ponto-atrás, e cortar rente posicionando na parte interna o excesso e ajustando a entretela na parte externa formando o bolso já forrado. Nesse espaço depois podemos colocar o bolso já pronto ( como um saquinho costurado) ou adicionando por dentro. Você pode conferir essa técnica que uso em um tutorial ministrado pelo Paulo Samu em nosso canal no YouTube.                 

Colete popular de 1790/1800

Os bolsos têm por si nesse momento as funções de colocar óculos, leques (Guarde esse tema que um dia falaremos como leques passaram de gênero em gênero até hoje serem algo “apenas” feminino), bilhetes, moedas e até enfeites. Além de formatos diferentes das tampas, podem ter muitos tamanhos e profundidades. Gosto de marcar os meus com o dobro da medida da tampa – Mas se você colocar um pouco mais para cima ficará perfeito para caber o celular.                

Depois vou trabalhar na LAPELA ficando ela à parte do forro – já que o forro vou colocar somente depois – Assim já conseguimos ver um pouco mais da construção dessa peça. Assim como no bolso gosto de ver o pesponto na lapela, dá aquela alegria de ver todo o processo que fez a mão em algo que passa a ser uma armadura de carinho por você mesmo. Bem acabar suas peças e tudo que está contigo é seu abraço por sua história. Quem tiver a honra de ter consigo nas mão algo que passou pelo teu acabamento terá, com certeza, em vida aquela experiência mágica e fortuita quando somos queridos por aqueles que nos amam.

Faça das suas peças um lugar especial! Como seus abraços, queridos amigos. Na próxima semana trago atualizações do colete de 1790 listrado.   Um abraço do seu amigo, Arthur Adams.